sábado, 7 de dezembro de 2013

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Fabula


   A fabula nasceu no oriente e foi reinventada no Ocidente pelo escravo grego Esopo, que criava historias baseadas em animais para mostrar como agir com sabedoria. Suas fabulas, mais tarde, foram reescritas em versos, com um acentuado tom satírico, pelo escravo romano Fedro. Contudo, o grande responsável pela divulgação e reconhecimento da fabula no Ocidente moderno foi o francês Jean de La Fontaine, um poeta que conhecia muito bem a arte e as manifestações da cultura popular.
Motivado pela natureza simbólica das Fabulas, La Fontaine criava suas historias com um único objetivo: tornar os animais o principal agente da educação dos homens. Para isso os animais são colocados em uma situação humana exemplar, tornando-se uma espécie de símbolo. Por exemplo: a formiga representa o trabalho, o leão simboliza a força: a raposa, a astúcia; e o lobo, o poder despótico; e assim por diante. (...)


(Irene A. Machado. Literatura e redação – os gêneros literários e a tradição oral. São Paulo: Scipione, 1994. p. 57)
Português linguagen volume 1, ensino médio/ Willian Roberto Cereja / Thereza Cochar Magalhaes

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sábado, 4 de dezembro de 2010

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FADA E DUENDE.

   Termos comumente em­pregados para designar seres fantásticos, so­brenaturais, do sexo feminino e masculino, res­pectivamente. Fadas e duendes fazem parte do acervo cultural de todos os povos, para os quais sempre influíam, magicamente, nos aconteci­mentos humanos. Sua presença foi primitiva­mente dada como ocorrente nos bosques, nas encruzilhadas, nas fontes e nas margens das florestas, denunciando esse fato a sua proce­dência pagã. De fato, na mitologia greco-romana são encontrados seres correspondentes, como as náiades e os faunos, habitantes de fontes e mares.
Alais tarde, já na Idade Média e épocas posteriores, esses seres fantásticos se apre­sentavam, principalmente na Europa, mais ou menos cristianizados, daí ter mais relevo a sua ação benéfica ou maléfica, e a sua invocação para uma possível proteção. Os termos apare­cem então nos escritores, quer em simples cita­ções, quer em invocações.
As fadas e duendes tomam, assim, em seu aspecto exterior, -nuanças dos vestuários de santos e anjos. São pintados sempre como seres de feições bondosas. Por vezes aparecem
expressão "mãos de fada" teve origem nesse fato. Tam­bém o uso freqüente do termo no plural, se deve à tradição de que as fadas só andavam em grupo de três. Eram também conhecidas como dominae fatales, "senhoras fatais".
Várias outras crenças se originaram da ação das fadas e duendes. Muitos acreditavam que, ao nascer uma criança, as fadas tivessem papel preponderante na determinação de seu destino. Daí o vocábulo latino fata, plural defatum (des­tino) ser a referência etimológica. Na arte dra­mática, o termo feérico (do francês fêerie, de fêe, fada) teve origem na crença da ação das fadas e duendes nas cenas dos grandes espetáculos, antigamente representados pelos feitos destes seres fantásticos, tais como feiticeiras, mágicos, fadas, duendes, gnomos, silfos. Neste caso, o movimento cênico aparece como algo de fantástico e irreal.

Enc. Delta 


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LITERATURA

F.  Littérature   I.  Literature 
   A palavra "literatura" pro­vém do latim litterae, que significava "belas-letras". A literatura não existia antes de se conhecer a escrita, mas nem tudo que está escrito é literatura. Um texto escrito só pode ser qualificado de literário"1 se o autor se dirige ao espírito, à sensibilidade, à imaginação de seus leito­res. O escritor maneja os vocábulos com tanto cuidado quanto o pintor os seus pincéis.
A literatura adota múltiplas formas: narrativas ern prosa, poemas, peças de teatro, ensaios, obras históricas, filosófi­cas, biografias, romances, descrições. Certas narrativas são breves, outras bas­tante longas para encher livros inteiros. Em geral, as longas histórias são roman­ces. O tamanho dos poemas também va­ria; alguns, muito longos, celebram a gló­ria de grandes homens ou feitos heróicos: são os poemas épicos. As peças de teatro podem ser trágicas ou cómicas. Uma farsa c uma comedia muito leve e engra­çada.
Todo país civilizado tem a sua litera­tura. Quando se estudam línguas estran­geiras, é em parte para poder ler no texto original a literatura de outros países.
Antes da invenção da imprensa, a boa literatura só estava ao alcance de um público muito restrito. No presente, to­dos os que sabem ler podem conhecê-la.
Na literatura, os gostos mudam às vezes de uma época a outra; os contempo­râneos de um autor não o apreciam unani­memente. Por outro lado, o autor nem sempre consegue transmitir aquilo que de­sejaria. Mas a boa literatura resiste à pro­va do tempo. As obras antigas que ainda são lidas com prazer denominam-se ''clássicas".
Algumas obras literárias são tão notá­veis que os homens ainda as lêem com prazer centenas ou mesmo milhares de anos após a sua criação. A Ilíada c a Odis­seia datam da época dos antigos gregos. Tal é, também, o caso de certas fábulas de Esopo. Shakespeare, um dos maiores dramaturgos de todos os tempos, viveu no século XVI e começo do século XVII; entre os escritores franceses clássicos, po­demos citar Molière, Racine e Corneille. Entre as obras-primas do passado, muitas tomaram, com o tempo, uma signi­ficação diferente daquela que o autor lhes havia dado. Muitos livros adaptados para a juventude eram, inicialmente, destinados aos adultos: os contos, por exemplo, ou, num género diferente, As Viagens de Gulliver, que Jonathan Swift criara como uma sátira política.


LITERATURA BRASILEIRA
Nossa li­teratura teve início com as narrativas sobre a descoberta do Brasil, logo seguidas dos relatos dos catequistas religiosos que para cá vieram. Os primeiros documentos de que há notícia são a famosa carta de Pêro Vaz de Caminha e, em 1531, o Diário de Pêro Lopes de Sousa. Ainda no século XVI, ocupam-se da terra brasileira, e de gente que aqui vivia, Gândavo, Fernão Cardirn, Gabriel Soares de Souza e Am-brósio Fernandes Brandão, de quem se admite a autoria dos Diálogos das Grande­zas do Brasil. Entre os jesuítas, sobressai a figura do Padre José de Anchieta. Já no século XVII desponta o sentimento nati-vista e, com este. ganha alento a nossa autentica literatura. Frei Vicente de Sal­vador (Vicente Rodrigues Palha), baiano, escreveu a sua História da Custódia do Brasil, impressa em Portugal; outro baiano, Gregório de Matos, a mais forte personalidade literária da época, com sua poesia satírica escandaliza e intimida os poderosos. No século XVIII, amadurece o movimento nativista e surgem as acade­mias literárias: a dos Esquecidos, a dos Renascidos, a dos Felizes e, por fim. a Sociedade Literária, fundada em 1786 por Silva  Alvarenga.   Destacam-se  Rocha Pita, Cláudio Manuel da Costa, José Gama, Santa Rita Durão. Alvarenga Pei­xoto e Silva Alvarenga. Na primeira me­tade do século XIX surge o Romantismo, impulsionado pelo entusiasmo de Gonçal­ves de Magalhães. Os poetas líricos estão no apogeu.
Já no fim do século ganha corpo o movimento parnasiano, que aspira às cul-minâncias da beleza na forma do verso. Na ficção, o naturalismo atrai adeptos. Há uma tendência geral de renovação, que vemgeraroneoparnasianismo, o realismo, o simboiismo e, por fim, já no século XX. o modernismo, que aparece em São Paulo e se estende ao Rio, causando escândalo e fortes críticas, entre 1922 e 1925. Vem a reação contra essa corrente e, de 1928 a 1940, surgeopós-modernismo, a literatura que procura transmitir uma mensagem, antes de tudo. Na poesia, depois da ÍI Grande Guerra, aparece o concretismo, mas não logra despertar mais do que sim­ples curiosidade. A tendência geral busca a
simplicidade da forma, a musicalidade dos versos, a linguagem acessível, embora al­guns poetas ainda cultivem temas herméti­cos — de compreensão difícil ou mesmo impossível ao leitor. No romance, no conto, na novela, no teatro, predominam os temas sociais e políticos, assim como os de fundo psicológico. Memórias, biogra­fias, ensaios, temas económicos e de polí­tica internacional ganham leitores a cada dia.
Entre os parnasianos e realistas, deve-se ressaltar Machado de Assis, Olavo Bilac, Vicente de Carvalho, Coelho Neto. Os símbolistas são representados por Cruz e Souza, e Alphonsus de Guima­rães. O regionalismo brasileiro, após a Semana da Arte Moderna (1922), trouxe grandes obras e autores, como Graciliano Ramos, José Américo de Almeida, Jorge Amado, José Lins do Rego, Guimarães Rosae, de certo modo, Mário de Andrade. Modernistas mesmo, além do citado Má­rio, há que referir Oswald de Andrade, Marques Rebelo, Augusto Meyer. Con­temporâneos ou quase, citemos Clarice Líspector, Cecília Meireles, Augusto Frederico Schmidt, Afonso Schmidt, Dionélio Machado. Quanto aos mais re­centes, além de Carlos Drummond de An­drade, há, entre outros, João Cabral de Melo Neto, Tiago de Melo, Ferreira Gul-lar, António Callado, Afonso Romano de SanfAna, João Ubaldo Ribeiro, Rubem Fonseca, Nélida Pinon.


LITERATURA INFANTIL NO BRASIL


   Até 1893, só existia, no Brasil, a literatura infantil oral. Em 1894, surgiu, no Rio, edi­tado pela Livraria Quaresma, um livro do jornalista e poeta fluminense António Figueiredo Pimentel (1869-1914) intitulado Contos da Carochinha.
Por ser obra inicial, de um género inexplorado, alcançou o livro êxito invul­gar no limitado comércio de nossas livra­rias.
Crianças, adolescentes e adultos leram os Contos da Carochinha, muitos dos quais, levados pela corrente da litera­tura oral, já eram conhecidos em todos os recantos do Brasil.
Aos Contos da Carochinha se­guiram-se outras obras do mesmo género: Histórias da Baratinha. Os Meus Brinque­dos, Álbum das Crianças, Histórias da Avozinha, Teatro Infantil. Todos eram editados pela mesma Livraria Quaresma e do mesmo autor F. Pimentel.
Estava, assim, iniciada no Brasil a li­teratura infantil escrita.
E já nesse tempo, isto é, em 1905, fun­dada pelo jornalista mineiro Luís Barto-lomeu de Sousa e Silva, aparece a primeira revista infantil brasileira: O Tico-Tico.
Por ser muito viva e interessante, essa revista divulgou-se por todas as cidades, e tornou-se tão querida e popular, que o seu nome passou a designar coisa infantil: es­cola de tíco-tico, história do tico-tico etc.
Heróis e personagens das histórias de O Tico-Tico viviam na imaginação das crianças: Chiquinho, Jagunço, Zé Macaco etc.
O Tico-Tico resistiu durante mais de meio século, sempre ao gosto da crian­çada.
Já nos primeiros lustros deste século havia dois livros que atraíam muito a atenção dos jovens brasileiros: Viagens de Gulliver, de Swift, com prefácio de Rui Bar­bosa, e Robinson Cntsoé, de Daniel Defoe, prefaciado por Carlos de Laet. Magní­ficas edições, feitas em Portugal, com es­tampas coloridas.
Surgem, a seguir, os livros da Con­dessa de Ségur (para meninas): Os Desas­tres de Sofia, Meninas Exemplares, João Que Ri, João Que Chora etc; tiveram boa aceitação nos colégios religiosos.
Juntamente com as obras dessa escri­tora eram vendidos os livros da Coleção Júlio Verne, editados pela Livraria Fran­cisco Alves.
Merece referência especial o livro Co­ração, do italiano Edmundo de Amicis. Em primorosa tradução de João Ribeiro, obteve esse livro grande aceitação nos meios literários. A primeira edição, no que se refere à parte material, era péssima. Mesmo assim, foi adotado como livro de leitura, até no Colégio Militar.
A literaturainfantil, no Brasil, atraiu a atenção de poetas e escritores notáveis.
Olavo Bilac traduziu, em versos, as Travessuras de Jucá e Chie, e, em colabo­ração com Coelho Neto, escreveu Contos Pátrios.
Viriato Correia e João do Rio publi­caram Era Uma Vez..., título que, mais tarde, foi adotado por Vicente Guimarães para uma revista infantil.
Olegário Mariano escreveu Tangará Conta Histórias.
A apreciada romancista Júlia Lopes de Almeida ofereceu às crianças brasilei­ras um livro: Contos Infantis.
A partir de 1930, a literatura infantil, no Brasil, recebeu impulso. Centenas de obras de indiscutível valor vieram enri­quecê-la.
Dentre os autores que têm dado con­tribuição a esse género de literatura, não devemos esquecer: Ofélia e Narbal Fon­tes, Rita Amil de Rialva, Ariosto Espi­nheira, Gondim, da Fonseca, Vicente Guimarães, Guilherme de Almeida, Me-notti dei Picchia, Hernani Donato, Renato


Sêneca Fleury, Lourenço Filho. Fran­cisco Marins, Érico Veríssimo, Nina Salvi, Virgínia Lefèvre, Lúcia Machado de Almeida, Francisco Acquarone, Tales de Andrade, Monteiro Lobato e muitos outros.
Na década de 1980, multiplicaram-se as edições de obras para o público infan­til, sobressaindo as de Orígenes Lessa, Ana Maria Machado, Ziraldo, Mário Quintana, Ruth Rocha, Fernanda Lopes de Almeida, Sílvia Orthof, Edi Lima, João Carlos Marinho, Stella Carr.
Já podemos assinalar, no Brasil, mui­tas e excelentes coleções de livros espe­cialmente destinados a crianças e adoles­centes.



Enc. Delta 


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LENDAS E MITOS


Antes dos tempos modernos, os ho­mens em várias partes do mundo criavam lendas para explicar o mundo tal qual o viam. Algumas dessas lendas contavam por que mudam as estações do ano, por que há aves migradoras, por que certo grupo de estrelas se encontra no céu etc. Tais histórias são também conhecidas como mitos.
Algumas lendas dos índios brasi­leiros são ligadas a fatos da natureza. Uma delas é a da Vitória-Régia, a bela planta aquática que enfeita as águas da Amazónia. Conta que uma formosa ín­dia, chamada Naia, apaixonou-se pela Lua. Mas, por mais que corresse atrás dela, jamais conseguia alcançá-la. Uma noite, andando pela mata ao clarão do luar, viu numa lagoa o reflexo da Lua, e, pensando poder tocá-la, atirou-se à água, onde afundou. Nunca mais foi vista. Mas o deus Tupã, por pena dela, transfor­mou-a na planta, que floresce em todas as luas. A flor, porém, só se abre à noite, para abraçar com suas pétalas a Lua.
Com relação aos animais, sao muito numerosas as lendas de nossos índios. O jabuti aparece nelas como astucioso, bem-humorado e amigo de discussão. O ma­caco, ágil e esperto, vence sempre pela rapidez com que toma a melhor decisão. O uirapuru é um pássaro de canto tão bonito que, dizem, quando canta, todos os outros da mata acorrem para ouvi-lo. Corre a lenda que traz sorte tê-lo em casa, nem que seja empalhado. Do boto, mamífero aquático da Amazónia, existe a lenda de que de noite se converte num lindo rapaz que vai aos bailes namorar as moças, voltando, de manhã, ao rio.
Alguns mitos referem-se a deuses e deusas, e têm estreita relação com as re­ligiões dos povos em que se originaram.
Se os romanos se contentaram, em geral, com a naturalização e o rebatismo dos deuses gregos, existe na Europa uma mitologia perfeitamente original, a dos germanos e escandinavos. Seu deus su­premo, herói de numerosos poemas e epopeias, chama-se ora Wotan, ora Odin. A esposa de Odin é Frigg ou Frigga, e o filho do casal é Balder, príncipe da luz.
Essas religiões e mitos são relativa­mente fáceis de conhecer, porque temos múltiplos textos que deles nos falam. O mesmo não sucede com as civilizações muito 
antigas, cujos testemunhos escritos são raros ou difíceis de compreender e in­terpretar.
Os egípcios, por exemplo, venera­vam muitos deuses amiúde representados com corpo de homem e cabeça de ani­mal. No entanto, não existiram uma civi­lização egípcia e uma religião egípcia, mas sim várias civilizações diferentes, correspondendo a épocas diversas e regi­ões diferentes. Se as obras de arte do Egito antigo revelaram ísis, a mãe dos deuses, ou Rá, o deus supremo, restam ainda muitos domínios incógnitos, sobre os quais os especialistas continuam a in­vestigar. Quanto ao panteão babilónio, salvo o conhecimento de alguns sábios, permanece quase totalmente ignorado; sabemos que o deus supremo era vene­rado sob o nome de Marduc, que a deusa Istar ou Astarté corresponde à Vénus romana e à Afrodite grega, mas, via de regra, nossa ciência não vai além.
Serão necessárias muitas pesquisas antes que sejam resolvidas todas as questões suscitadas por esses estudos.

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A Panela de mingau

Uma mulher, muito pobre, tinha um filhinho que ainda amamentava. Um dia, por causa de muita fraqueza, ficou sem leite para dar ao bebê.
Mesmo doente e fraca, a mulher foi à flores­ta para conseguir algumas frutas. Andando pela mata entre as árvores, viu de repente uma velhinha que lhe perguntou o que procurava. Contan­do sua história, recebeu das mãos dela uma pane­linha e, admirada, ouviu-a dizer:
- Coloque esta panela no fogo e diga: paneli­nha faça mingau. - Ela o fará. - O mingau é um alimento que o mundo ainda não conhece, mas dará saúde a você e a seu bebê. - Quando quiser que pare de fazer mingau, basta ordenar.
Levando a panelinha para casa, nunca mais faltou alimento para ela e seu bebê.
Um dia, uma menina pediu à mulher um pouco de comida, pois estava com muita fome. A mulher negou, dizendo que não tinha, e a pobre­zinha foi-se embora.
Com espanto, a mulher começou a ver a pa­nela fazer mingau sem parar, mesmo sem ter re­cebido ordem. O mingau aumentou, inundou a ca­sa e começou a sair pelas portas e janelas.
O mingau só parou de sair quando a mulher chamou de volta a menina pobre e muitos outros que sentiam fome.
Todos comeram muito e acabaram por co­nhecer o grande valor nutritivo do mingau, prin­cipalmente para as crianças.
2.
A Lira de Prata

Um comerciante, que trabalhava com produ­tos estrangeiros, viajava para vários países. Co­nhecia muito bem quase todos os lugares do mundo, assim como o dinheiro de cada nação. Em cada país em que chegava, trocava as suas moedas pelo dinheiro do lugar.
Em todas as trocas que fez, uma lira de prata, moeda italiana, nunca foi trocada. Por achar muito estranho este fato, o comerciante resolveu guardá-la como talismã.
Chegando a um país onde ficaria por algu­mas semanas, deu uma esmola a um pedinte.
O homem, conferindo em casa o dinheiro ganho durante o dia, notou aquela moeda estran­geira entre as outras.
Para passá-la na primeira compra que fizesse, colocou-a em vinagre, deixando-a esverdeada pa­ra se parecer com uma de seu país.
O comerciante, conferindo o dinheiro, notou a falta da lira, achando que, perdendo a moeda, havia perdido a sorte.
No dia seguinte, logo cedo, comprou um bi­lhete de loteria para fazer um teste. Pagou o bi­lhete e recebeu de troco algumas moedas. Reco­nhecendo entre elas a sua lira, ficou muito feliz. Não bastando essa alegria, também o bilhete foi premiado.
Muito rico e feliz, o comerciante voltou paia o seu país, limpou a lira de prata e colocou-a em um estojo de cristal como recordação.

3.
 O Sonho de Frederico

Como chovia, Frederico ouvia o barulho da chuva, mesmo dormindo.
Abriu a janela e a água já estava tocando o peitoril. Havia um verdadeiro lago em frente à casa, e nele estava um belo barco.
No mesmo instante, Frederico trajando sua roupa de domingo, estava a bordo do navio.
A chuva havia cessado e o tempo estava claro.
Navegavam rua abaixo, passando pela igreja e já estavam flutuando pelo mar imenso.
De repente, no convés do navio, apareceu uma cegonha. O grumete a apanhou, levando-a pa­ra o galinheiro.
Lá, além das galinhas, viviam patos e perus na maior confusão.

-    Mas olhem que sujeito esquisito! - disseram
as galinhas. - Já se viu ave mais estúpida?

-    Sim, na verdade é muito estúpida, concordou o peru e começou a zombar da pobre cegonha.
e todos os outros caíram na gargalhada.
Nisso, Frederico foi ao galinheiro, abriu a portinhola e chamou a cegonha que, imediata­mente, saltou para o convés, junto dele.
A cegonha, muito feliz, distendeu as asas e alçou vôo. Voou para os países quentes enquanto os que zombaram dela ficaram morrendo de inveja.

-   Amanhã, vamos fazer uma sopa de todos
vocês, gritou Frederico.
Nesse momento, acordou e viu que estava em sua cama, ficando feliz por ter ajudado a cegonha.

4.

Quem tudo quer...

Morava numa floresta um casal com quatro fi­lhos: três meninos e uma menina. O pai era carvo­eiro. Certa vez, durante um forte temporal, bateu à porta da cabana do carvoeiro uma pessoa que o carvoeiro, espiando pela pequena janela, não conse­guia ver direito quem era. Com receio, abriu a por­ta. Era um velho que pediu abrigo. Mandando-o entrar, o velho foi logo perto do fogo para se aquecer e enxugar a roupa. Enquanto isso, contou algumas histórias para a família. Como chovia mui­to, o velho pernoitou na choupana do carvoeiro.

-  Existe um tesouro em uma das cavernas desta
floresta. - Se quiserem, eu levo vocês até lá, em si­
nal de gratidão - disse o velho no dia seguinte.
O carvoeiro ficou meio "louco".

-  Mas - disse o velho - vocês só podem pegar
do tesouro um pouco de cada vez.
Lá chegando, viram enorme quantidade de ou­ro no fundo da caverna e começaram logo a encher uma sacola, esquecendo-se do aviso que o velho lhes havia dado. Então, veio o castigo: foram trans­formados em árvores secas e retorcidas.
A menina que ficara em casa, sentiu falta da fa­mília. Como nenhum deles voltava, ia todos os dias à floresta. Descobrindo a caverna, pegava cada dia uma barrinha de ouro que, aos poucos, iam se empilhando sobre uma mesa. Um dia, chegou à caba­na uma fada que recolheu as lágrimas da menina que chorava muito e regou as árvores mais secas. Assim, o encanto acabou e eles se tornaram ricos
com o ouro que a menina havia acumulado.
5.

 A historia que a velha Joana contou

Na aldeia, o vento murmurava na copa do velho salgueiro. Parecia que o vento cantava uma velha cantiga.
-  Se não a entenderes, pergunta à velha Joana.
Quando Joana era ainda uma menina, o al­faiate da aldeia contraiu uma doença e nenhum médico podia aliviar seu mal.

-  Não se deve perder a coragem, dizia a sua
esposa e, além disso, nosso filho Hanz já é capaz
de lidar com a agulha.
Hanz trabalhava na alfaiataria e, nas horas de folga, passeava com Joana.
A menina era muito pobre e nada bonita.
Um ano depois, seguia o rapaz para seu está­gio de aprendizagem, e Joana chorou, pois ficaria distante do amigo.
Na primavera, Hanz regressou ao lar e torna­ra-se um rapaz bonito e esbelto.
Ao chegar à cidade, ele casou-se com Elza, filha de um rico comerciante do lugar.
Joana foi servir na casa deles como criada. O tempo passou e Hanz tornara-se um homem ve­lho e doente, até que a própria família o expulsou de casa.
Joana o encontrou e cuidou dele até a morte.
O tempo passou e tudo envelheceu.
O vento murmurava uma cantiga na velha árvore à beira da estrada. A cantiga que cantava era nada mais que a estória da velha Joana.

6.

A pena e o tinteiro

gabinete de um poeta, o tinteiro dizia:

-   É quase inacreditável, mas não sei qual será
a obra que vai sair quando o homem se põe a me
sugar. Uma gota que tira de dentro de mim, basta
para encher meia página de papel.
A pena comentou:

-   Você dá a matéria líquida para que eu possa
manifestar o que reside em mim, pois quem escreve
sou eu.
O tinteiro disse:

-    Você tem muita experiência,  pois mal  faz
uma semana que está servindo e já se desgastou até
a metade.
À tardinha, voltou o poeta. Assistira a um concerto e ouvira um excelente violinista. Pensava na dificuldade de tocar assim. Era como se o arco dançasse pelas cordas, produzindo um mavioso som.
O poeta escreveu:

-  Que coisa estranha o violino e o arco se van­
gloriarem de suas façanhas, esquecendo que de­
pendem das mãos de um artista, assim como nós,
os homens, nos vangloriamos também, esquecendo
que somos instrumentos tocados pelas mãos de Deus.
Então, disse a pena:
-   Ouviu-o ler em voz alta o que eu escrevi?

-   Sim, respondeu o tinteiro, ele leu o que eu
lhe dei para que escrevesse.
-   Pote de tinta... disse a pena.
-   Vareta de escrever... disse o tinteiro.
Cada um ficou com a certeza de ter respondido


7.

Era uma vez
um príncipe tão malvado, que sentia prazer em invadir cidades, destruindo pes­soas e suas casas, saqueando-lhes os bens.
Comandava seu exército, transformando seus soldados em um bando de vândalos e saqueado­res, ordenando-lhes que guardassem no castelo tudo o que roubassem. Sua malvadeza, suas vitó­rias e seu orgulho o levaram a imaginar-se inven­cível para sempre.
Por isso, mandou fazer sua estátua e colocá-la nas cidades que destruía. Também na igreja de sua cidade, mandou colocar uma.
O padre não aceitou aquela imposição e disse:
- Você não é mais que Deus, pois ele se so­brepôs a todas as forças da terra.
Muito indignado, o maldoso príncipe disse que iria ao céu para derrotar a Deus. Mandou construir uma nave com duas asas na frente e duas atrás.
As asas estavam protegidas por longas lâmi­nas que as movimentavam com rapidez para to­dos os lados. Dos dois lados da nave, havia furos que expeliam balas e, no centro da nave, "havia uma cabine de onde seriam acionadas poderosas armas.
O príncipe partiu e, quando se aproximava do céu, uma nuvem de mosquitos in­vadiu a nave, fazendo com que todo o mecanis­mo parasse, exceto as asas. Sem rumo e descendo em país estranho, o príncipe que havia sido pica­do por um mosquito, morreu.

8.

O feito mais extraordinário

Casaria com a princesa o homem que reali­zasse o melhor dos feitos.
Houve uma explosão de coisas extravagantes. Contudo, o júri não demorou a chegar a um acordo quanto ao vencedor: era o artista que fa­bricara um grande relógio de parede.
O relógio, ao bater as horas, exibia quadros vivos. Eram doze espetáculos com figuras que cantavam e falavam.
Quando o relógio deu uma hora, ergueu-se Moisés do cimo de um monte com as tábuas da lei. Às duas horas, surgiu o paraíso com Adão e Eva. As três apareceram os três Reis Magos. Às quatro, mostravam-se as quatro estações. As cin­co apareceram os cinco sentidos: da visão, audi­ção, paladar, olfato e tato. Às seis, apareceu um jogador lançando dados em um dos quais se via um lado com seis pontos. Às sete, os sete dias da semana. Às oito, um coro de monjas cantando.
Nove musas acompanhavam as badaladas das nove horas. Às dez, reapareceu Moisés com as tábuas e os Dez Mandamentos.
Quando o relógio tornou a bater, apareceram onze meninas cantando e dançando. Às doze, apareceu o guarda-noturno entoando uma velha canção: É meia noite e o Salvador nasceu.
A princesa, após a apresentação, disse:
- Tragam o executor desta obra. - Ele será meu marido.
Todos os outros aceitaram a vitória do artista.

9.

 O porquinho-cofre

Eram muitos os brinquedos que estavam no quarto infantil. Porém, separado de todos estava um porquinho de louça que, lá de cima do armá­rio, olhava para os outros com olhares de indife­rença. Afinal, ele tinha uma grande barriga re­cheada de moedas.
Ele dizia que, com o dinheiro que possuía, poderia comprar todas aquelas bugigangas, e era assim que ele chamava todos os outros brinquedos.
Uma boneca, que também era da turma, chamou todos os seus amigos e disse a eles sua ideia de fazer uma pecinha de teatro, que seria parte de uma festa que ela havia planejado. O convite ao convencido porquinho foi feito através de um bilhete, pois eles achavam que, com todo aquele orgulho, ele não aceitaria o convite verbal.
Porém, ele não respondeu ao bilhete. Os brinquedos, então, montaram o teatrinho com o palco virado para o armário, dando ampla visão inclusive ao porquinho.
Para depois da peça, foram programadas brin­cadeiras que se prolongaram por toda a noite. Todos faziam estripulias; o cavalo de balanço, o soldadinho de chumbo, a,bailarina boneca, etc.
Em dado momento, o porquinho começou a rir tanto, que acabou por se esquecer que ele não havia participado da brincadeira.
Todos pararam e olharam para ele.
Então, ele se sentiu envergonhado e pediu des­culpas.

10.


A  pulga e o professor

Um professor e sua pulga amestrada chega­ram a um determinado país, habitado por selvagens.
Quando a pulga apresentou armas e disparou seu canhãozinho, a princesa de apenas oito anos disse:
-  Eu a quero para mim.
A pulga ficou com a princesa que a acomo­dou em seu lindo pescoço.
O professor andava aborrecido e desejando sair dali, mas seria necessário levar também a pulga que era sua obra maravilhosa. Mas isto não seria fácil. Por fim, achou a solução. Foi ter com o rei e disse:

-    Majestade,  dá-me licença para ensinar seu
povo a disparar um canhão que fará tremer a ter­
ra e -as aves mais tenras cairão assadas no solo
com a força da explosão.
-    Pois traga-me o canhão, disse o rei.
Não havia no país canhão algum a não ser o da pulga, que era muito pequeno. O professor disse que fundiria um bem maior se lhe dessem fios de pano de seda, linha, agulha e cabos ou cordas.
Fez um balão e, quando estava pronto, todo estufado, o professor disse:
-  Preciso da pulga para me ajudar a fazê-lo  subir.
Recebendo a pulga das mãos da princesa, gri­tou:
-  Cortem as amarras.
O balão subiu, desaparecendo nas nuvens. E assim, o professor conseguiu fugir com sua pulga.

11.

O Colarinho

 Um colarinho que pertencera a um nobre da corte adquiriu toda a personalidade de seu ex-dono.
Um dia, encontrando-se em uma tina de la­var roupas, junto a um par de meias de mulher, exibia todo o seu ímpeto de conquistador, dizendo a ela:

-   Valha-me, Deus, nunca vi alguém tão esbelta, ­
tão delicada e tão elegante como a senhora.
A meia não respondeu, mas ele insistindo, per­guntou:
-   Onde mora?
A meia era muito tímida; por isso, continuou calada. O galanteador colarinho prosseguiu:
-   Vejo que a senhora, além de útil, é um en­feite.
De repente, o conquistador foi levado a uma mesa para ser passado à ferro, mas como já esta­va muito esfiapado, a passadeira, pegando uma tesoura, cortou-lhe os fiapos. Vendo a tesoura, o colarinho disse com voz macia:
-   A senhora deve ser uma dançarina de pri­meira classe, pois nunca vi alguém tão elegante em minha vida. - Gostaria de me jogar a seus pés.
Irritada, a tesoura cortou-o ao meio e, logo após, ele foi jogado em um saco, onde já havia muitos trapos.
Levado com os trapos a uma máquina de fa­zer papel, ia contando a eles suas conquistas e talvez seja ele este pedaço de papel, impresso com essa estória.

12.

Um par de namorados

Achavam-se lado a lado em uma caixa de brinquedos, um pião e uma bola. Sentindo-se apaixonado pela bola, o pião fez a ela uma pro­posta de casamento:

-    Conhecemo-nos há tanto tempo, que penso
podermos ser muito  felizes se você concordasse
em se casar comigo.
-    O que dizes? - respondeu a bola. - Não vês que sou de marroquim espanhol, um dos mais fi­nos artigos da Europa? - E tu... feito de madeira comum e tão sem graça!
-    Não, não, retrucou o pião, sou feito de ce­dro e esculpido pelo mais famoso burgo-mestre deste país.
A bola disse a ele que toda a vez que saltava mais alto, conversava com um lindo pássaro do qual já era praticamente noiva. Um dia, a bola desapareceu em um desses saltos. O pião, dentro da caixa, vivia muito triste, pensando que ela já tivesse se casado.
Certo dia, o menino lembrou-se dele e o pintou de dourado.
Quando novamente em rodopio veloz, come­çava a se sentir feliz, fazendo rom... rom... Em um desses rodopios, bateu em uma pedra e, sal­tando, caiu dentro da lata de lixo. Via ao seu re­dor talos de couve, folhas murchas, cascas de ovos e também a orgulhosa bola que mais parecia batata murcha. A bola que, por acidente, havia sido jogada fora, virou e disse:
-  Felizmente encontrei categoria.

13.

A roupa do rei

Havia um imperador que não pensava em outra coisa a não ser em roupas novas. Não dava o menor valor aos assuntos do governo e nem mesmo ia ao teatro. Só se preocupava com novos e lindos trajes.
Um dia, dois malandros, dizendo-se tecelões, foram ao castelo oferecer seus serviços.
O imperador, pensando em um lindo traje, ficou mais feliz quando soube que aquela roupa seria diferente, pois só seria vista por pessoas ho­nestas. Às pessoas desonestas se tornaria invisível.
Querendo saber se os integrantes da corte eram honestos, o imperador mandou-os inspecionar a roupa em confecção. Para não deixar transparecer sua desonestidade, cada um que vol­tava dizia ao imperador que a roupa era muito bonita e de fino gosto, mas na verdade não viam coisa alguma, pois nada havia para ver.
Os malandros já haviam conseguido muito dinheiro e recebiam sempre mais para a compra de agulhas, aviamentos e outros aparatos sem nada confeccionar. Dias após, houve um desfile na cidade, e os malandros cuidadosamente fin­giam vestir no imperador a roupa que ele também não via, mas fingia ver.
O desfile foi visto por quase toda a cidade, mas o povo, como era também desonesto, aplau­dia a roupa nova do imperador que, na verdade, andou o tempo todo nu.



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01 .

um lobo em pele de ovelha

Um lobo malvado devorou duas ovelhas de um camponês que, por causa disso, ficou com apenas uma, a mais raquítica. Seus amigos resol­veram, então, ajudá-lo na caça ao maldito animal.
Muitos dias se passaram sem que ninguém achasse o lobo. O tempo foi passando e os ami­gos acabaram esquecendo o fato.
Numa noite, o camponês ouviu um estranho ruído no quintal de sua casa c viu o mesmo lobo se aproximando da única ovelha que possuía. Pe­gando sua espingarda, aluou no animal, mas não acertou.
Alguns dias depois, encontraram no sítio do vizinho uma ovelha morta. O camponês tirou sua pele e a guardou.
O tempo passava, mas ninguém encontrava o lobo que, após suas bravatas, se refugiava cm to­cas que ninguém conseguia localizar.
O camponês teve uma idéia: construir uma armadilha para pegá-lo. Cavou um valo e amar­rou sua ovelha perto da fossa coberta de folhas. E ficou escondido para não ser percebido pela fera.
De madrugada, ele viu aproximar-se o lobo que vinha em direção à ovelha.
Ao pisar nas folhas amontoadas, o lobo caiu no fundo da fossa e de lá não conseguia sair. Com a ajuda dos vizinhos, o camponês caçou a fera, amarrou-a um tronco de árvore depois de cobrir com a pele da ovelha, que havia guardado. Uma semana depois, voltou para ver o que havia acontecido. E o que viu foi só o esqueleto do lobo.
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02.

O filho de general

Há séculos, existiu um exército poderoso, che­fiado por um general muito famoso. Ele era muito valente e ganhou todas as guerras das quais parti­cipou. O general tinha um filho de doze anos e o incentivava aos estudos e ao amor à pátria. Para o menino, o general era um herói e um amigo que ele admirava muito.
O país viveu poucos anos em paz, e agora surgia uma nova batalha. O general, depois de pensar muito, encontrou uma maneira de atacar o inimigo. Para isso, precisou ir para longe de casa. Depois de alguns dias, cinco homens invadiram a casa do general e perguntaram ao menino onde es­tava seu pai. O menino respondeu que havia visto o general na noite anterior. Mas os homens quise­ram saber como e onde, O menino respondeu:
-    Vi meu pai ontem à noite, em meu quarto.
-    Então, ele está nessa casa, disse um dos ho­
mens.
-    Não sei, respondeu o menino, pois ele en­
trou em meu quarto enquanto eu dormia e saiu
também enquanto eu dormia, sem que eu acordasse.
Os inimigos, muito nervosos, pensaram que o menino estivesse brincando e queriam levá-lo em­bora como castigo. O garoto, vendo que os ho­mens não acreditavam nele, explicou;
-            Senhores, vi meu pai em sonhos, nada mais
que isso.
Os inimigos foram embora c o general pôde voltar para sua casa, sentindo muito orgulho de sru pequeno rapaz.
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3.

A TERRA DAS DELÍCIAS

Heliodoro era um menino muito peralta e, um dia, recebeu um castigo de seu professor. Muito triste Heliodoro foi para a floresta, onde ficou muitas horas.
Dois anõezinhos que passavam por ali, fala­ram com ele e, sabendo que estava triste, o leva­ram com eles para a terra das delícias e ali o me­nino se sentiu muito feliz.
Comida e doces gostosos não faltavam.
Depois, os anões o levaram ao castelo onde foi muito bem recebido pelo rei que gostou muito dele e o convidou para morar no castelo.
Ali, ele teria tudo c seria uma ótima compa­nhia ao príncipe, o menino filho do rei.
Heliodoro, que já era feliz na companhia dos anões, ficou ainda mais feliz, morando naquele lindo castelo e tendo o príncipe como seu novo amigo.
O príncipe tinha lindos brinquedos para os dois brincarem e Heliodoro podia ainda ir visitar sua mãe todas as vezes que quisesse.
Um dia, Heliodoro pegou um brinquedo do príncipe e, sem ninguém ver, saiu do castelo, le­vando-o para a sua casa.
Quando se aproximava de sua casa, os dois anões apareceram e tiraram o brinquedo de suas mãos.
Heliodoro, por ter pego aquilo que não era seu sem permissão, nunca mais pôde voltar ao castelo
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4.

A Mula sem cabeça

Uma mulher maldosa, vendo uma mula pastando, pensou em arrancar o rabo dela. Ao pegar o rabo do animal, recebeu um coice e foi jogada 40m  longe.
Mesmo levando um tombo, a mulher não se inco­modou e, em seguida, entrou no sítio de Seu Alti­no, pisoteando verduras e quebrando muitos pés de laranja plantados.
Seu Altino ficou tão aborrecido, que até cho­rou, vendo sua horta toda pisoteada. Mas a mu­lher, que só fazia mal aos outros, foi à casa de Dona Olga, uma vizinha e, pela janela da cozinha, encheu de sal as panelas que estavam no fogo, es­tragando com isso a comida para o almoço.
Mas mesmo com todas as maldades que ela fazia, o pessoal da redondeza percebeu sua falta porque haviam passado muitos dias e a mulher não aparecia. Souberam, então, que ela estava muito doente e resolveram ir visitá-la. Mas, quando alguém batia em sua porta, ela gritava lá de dentro:
- Vão embora, se não irei pôr fogo em suas ca­sas.
Ninguém mais viu aquela mulher porque ela não pôde mais sair de casa, nem da cama.
O tempo foi passando e vieram dias de vento e frio até que, um dia, a casa desabou.
A mulher que era muito maldosa, se arrependeu de todo o mal que havia feito e teve o poder de se  transformar em uma mula sem cabeça.
Até hoje, ela passeia à noite e tem o poder assustar a todos os que pensam em fazer o mal.


5.


A raposa e o javali

Um javali que, por mais de uma hora, afiava seus dentes em uma árvore, não sabia que estava sendo visto por uma raposa que estava muito bem escondida.
Sem poder controlar sua curiosidade, a rapo­sa saiu do esconderijo chegou-se ao javali para perguntar o que ele fazia, cheirando o tronco da­quela árvore durante tanto tempo.
Com muita astúcia, ela começou a conversar com javali, perguntando primeiro como ia a sua família.
O javali, desconfiado, passou a fazer pergun­tas à raposa sobre certas ciladas que ela prepara­ra para diversos colegas da inala:
-    Comadre raposa, ouvi dizer que, para você se livrar de perigos, enganou colegas nossos, dei­xando-os em má situação.     Você ludibriou uma pobre cabra,  convidando-a para  se refrescar do calor, entrando no pântano. - Eu sei que você faz
tudo isso porque é inteligente, não é?
-    Bem, meu amigo, eu sou inteligente e é esta a arma que me permite vencer. - Mas agora, gos­taria de saber o que você faz nesta árvore.
-    Estou afiando meus dentes, disse o javali eles  são  minha  arma,
que me permite quebrar qualquer armadilha.
- Com eles estou preparado
até para bichos inteligentes como você.
A raposa, ouvindo aquilo, entendeu o recado saiu na maior disparada, deixando o javali sos­segado, afiando seus dentes.


6.

A pata dos ovos de ouro

Um homem muito ganancioso tinha algumas galinhas que botavam um ovo, cada uma, todos os dias. Inesperadamente, duas galinhas começa­ram a botar dois ovos, por dia, cada uma.
O homem vendeu as demais e só comprava galinhas que botassem dois ovos por dia, pois es­sas comiam o mesmo tanto de ração das que bo­tavam apenas um e, dessa forma, ele teria o do­bro de lucro.
Além das galinhas, quis também comprar pa­tas, pois muitas pessoas procuravam ovos de pata para comprar.
Procurando encontrar alguma pata que bo­tasse dois ovos por dia, comprou três. Mas, como duas botaram somente um ovo, vendeu-as logo.
A terceira ficou porque não havia botado nem um ovo, mas no dia seguinte, a surpresa que a pata nova fez a ele, quase o matou de emoção: botara um ovo de ouro.
O homem, beijou a pata e corria para todos os lados com o ovo de ouro. Sua alegria era tanta, que às vezes parava, pensando estar sonhando. E desse dia em diante, não quis mais vender ovos nem a galinha, pois calculava ficar rico em pouco tempo.
Passado algum tempo, pensou em fazer a pata botar dois ovos, pois sua ganância aumentara. como ela punha somente um, mandou fazer uma magia nela. Só que a pobre pata morreu.
O homem ganancioso teve que ficar mesmo com as suas antigas galinhas que recomprou, mesmo que só botasse  um ovo por dia.




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